A ausência de bacalhau na ementa da cafetaria-restaurante do pavilhão de Portugal na Expo 2010, em Xangai, na China, está a deixar os portugueses de “olhos em bico”, surpreendendo também estrangeiros.
Isabel Salomão, de Lisboa, afirmou que a “lacuna” é de “deixar os portugueses de olhos em bico”, enumerando outras iguarias, tipicamente nacionais, que “falham” no menu português: sardinhas ou cozido à portuguesa.
Também Rui Pires, de Coimbra, apontou a ausência do “fiel amigo”.
“Estávamos com bastante fome e viemos à porta lateral, ao restaurante, provar o caldo verde. Estávamos à espera também de encontrar um bacalhau, que é uma parte importante da ementa portuguesa”, disse o engenheiro civil de 30 anos, de visita à Expo 2010 com o amigo Luís Guedes.
Ambos demitiram-se da empresa onde trabalhavam em Portugal e empreenderam uma viagem pela Ásia, que tinha no trajecto Xangai, cidade onde acabaram por degustar bacalhau num restaurante macaense-português, para gáudio da dupla.
Rui Pires acrescentou que o caldo verde “reconfortou o estômago”, apesar de lhe faltar o “toque” do chouriço português que, no pavilhão nacional, é substituído por um “homólogo” italiano.
Já o francês Jean-Yves Frapin não escondeu a surpresa ao constatar a ausência de bacalhau, de que “gosta muiTo, acompanhado de batatas”.
“Não há bacalhau?”, perguntou, enquanto via a carta portuguesa e mais admirado ain-da depois de passar pelo restaurante do pavilhão espanhol, que tinha a iguaria na ementa.
O responsável pela cafetaria-restaurante do pavilhão nacional na Expo 2010, Bruno Magro, explicou que o bacalhau fresco é frequente na China, mas não o bacalhau seco salgado ou os enchidos nacionais.
“Infelizmente, esses produtos ainda não estão acessíveis no mercado chinês, ao contrário de Macau, onde se pode encontrar todo o tipo de produtos portugueses”, declarou, reconhecendo que o bacalhau é muito solicitado no pavilhão de Portugal.
“Principalmente as pessoas de outras nacionalidades, conhecem os nossos produtos, que se identificam com os peixes, as sardinhas, o bacalhau”, referiu.
Assegurando que é com “muita” pena que não serve bacalhau, Bruno Magro admitiu que “ter um simples bacalhau, um bom peixe, um bom enchido, marca a diferença”.
“Não é preciso cozinhar de maneiras deslumbrantes Os bons produtos marcam a diferença em qualquer parte do mundo. É o caso dos produtos portugueses”, sustentou, convicto de que no pavilhão de Portugal os chineses estão também a ser conquistados pelo estômago.
O comissário geral da participação portuguesa na Expo 2010 justificou a ausência do bacalhau por nas pautas aduaneiras chinesas a sua importação ser “uma matéria muito complexa e complicada”.
“Isso impede-nos de ter pratos de bacalhau, coisa que obviamente gostaríamos muito de poder ter”, disse Rolando Borges Martins.
Com variações ementa portuguesa inclui, entre outras iguarias, canja de galinha, polvo à lagareiro, filetes de semanais, a peixe panados com arroz de couve, ensopado de borrego ou feijoada de chocos e camarão, não faltando ainda serradura ou arroz doce nas sobremesas.