Responsáveis da Obra Cató-lica Portuguesa de Migrações (OCPM), organismo tutelado pela Conferência Episcopal Portuguesa, partem no dia 12 de outubro para o Peru onde vão conhecer a realidade dos cidadãos nacionais presos naquele país.
À agência Lusa, o director da OCPM, frei Francisco Sales Diniz, disse que a escolha do Peru se deve ao facto de este país ser um dos que “tem maior número de presos portugueses, sobretudo relacionados com crimes de tráfico de droga”.
“Como esta é uma parceria com a Secretaria de Estado das Comunidades Portugue-sas, também nos foi indicado este país e, além disso, o consulado já fez o levantamento do número de presos, da situação em que se encontram e das necessidades que apresentam”, continuou frei Francisco Sales Diniz.
Segundo o responsável, que se fará acompanhar na deslocação – que termina a 18 de outubro – pela sua adjunta, Eugénia Quaresma, está prevista a visita “a três, quatro prisões” e a cerca de 40 reclusos.
“O nosso objectivo, além de visitar os presos portugueses, é tentar fazer uma parceria com alguma entidade da Igreja local para que apoiem os nossos cidadãos em coordenação connosco”, declarou o director.
Francisco Sales Diniz admitiu que, “com algum apoio, muitos dos portugueses presos poderão ser repatriados e cumprir em Portugal a pena”, salientando a importância de aferir a “possibilidade de ajudar estas pessoas”.
Questionado sobre as dificuldades que enfrentam os portugueses presos naquele país da América do Sul, o director da OCPM referiu que, das informações que dispõe, estão relacionadas com “cuidados de saúde, alimentação, vestuário e apoio jurídico”.
“Alguns saem da prisão, mas porque ainda não terminaram a pena não lhes é permitido trabalhar, pelo que não têm meios para sobreviver”, exemplificou.
Esta é a primeira iniciativa que a Obra Católica Portuguesa de Migrações realiza neste âmbito e que espera replicar noutros países.
“É o início de um projecto para ter continuidade”, garantiu frei Francisco Sales Diniz, esperançado que, nos vários locais, seja possível estabelecer parcerias junto da Igreja local.
O director da OCPM acrescentou que, “em muitos países, as condições das prisões são péssimas e os direitos humanos não são respeitados”, defendendo a necessidade de “ir ao encontro desta realidade”.
Mais de 1.500 portugueses estavam detidos em prisões estrangeiras no final de 2013, a maior parte por causa do tráfico de droga, tendo havido 321 cidadãos nacionais deportados, maioritariamente do Canadá.
Segundo os dados do Relatório da Emigração relativo a 2013, da responsabilidade do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o ano de 2013 terminou com 1.565 portugueses detidos em prisões estrangeiras.
“Os dez países onde se encontra um maior número de nacionais presos são: a Es-panha, a França, o Reino Unido, a Alemanha, o Brasil, o Peru, o Luxemburgo, a Suíça, os Estados Unidos da Amé-rica e a Itália”, lê-se no relatório, que explica que isto re-flecte o fluxo das migrações.