A estatal ferroviária sul-africana Transnet encontra-se envolvida numa disputa com uma firma de auditoria devido a despesas irregulares na ordem de 49 biliões de randes referentes ao ano financeiro de 2019.
O presidente interino do grupo estatal, Mohammed Mahomedy, citado pela imprensa sul-africana, disse que a Transnet registou um lucro anual bruto de 6.05 biliões de randes no final de Março, e que a empresa reportou despesas irregulares em que alguns negócios reportam-se ao periodo anterior a 2015.
Segundo o responsável, as despesas irregulares dispa-raram de 8 biliões para 49 biliões de randes, sendo que para o período em análise foi reportado um contrato de compra de locomotivas no valor de 49 biliões de randes.
O referido contrato, para a compra de 1.064 locomotivas novas, foi abordado pela Comissão de inquérito Zondo, que investiga a grande corrupção na administração estatal sul-africana, sob a gestão do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder.
Na segunda-feira, Mahomedy declarou na comissão de inquérito que a anterior administração da empresa estatal esteve envolvida em contratos suspeitos com empresas da controversa família indiana Gupta que ascenderam a “centenas de milhões de randes”.
Todavia, nas últimas oito semanas a empresa de auditoria externa, SizweNtsaluba-Gobodo, levantou uma suspeita referente ao montante dde 49 biliões de randes devido aos critérios de pré-qualificação em determinados contratos que a administração da empresa diz ter deixado de utilizar em concursos públicos em 2018.
Dois contratos para a compra de 195 locomotivas datam de 2012.
A Transnet disse que as quatro empresas fornecedoras entregaram metade das 1.064 locomotivas que se encontram operacionais. A estatal sul-africana adiantou estar em negociações com os fornecedores para “garantir os termos contratuais”.
Segundo os resultados financeiros anunciados, a empresa reportou um aumento de 24,7% nos lucros, para 6 biliões, e um aumento de 1,6% nas receitas, para 74,1 biliões de rands.
O grupo registou um declínio na exportação de carvão, minério, cimento e cal, devido a menor procura, violência comunitária, actos de sabotagem e desafios operacionais.
A empresa disse que a dívida totaliza 127.7 biliões de randes, sendo 2.7% garantida pelo Estado sul-africano.